quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Coração de Nazul - Cap. Seis

Capitulo Seis

Grima esperava na sua caverna pelos seus lacaios, andava de um lado para o outro, ansioso com a chegada deles, esperava que trouxessem aquilo por que tanto ansiava. Depois de uma longa espera, finalmente chegaram, mas para descontentamento de Grima vinham sem nada, não conseguiram cumprir as suas ordens.

“Onde está?” – perguntou furioso.

“Escapou-nos mestre!”

“Como é que ele vos escapou? Imprestáveis! Como é que vos escapou um miúdo que não faz ideia de quem é?”

“Não era um miúdo mestre! Era uma rapariga senhor, que nos escapou graças à ajuda do espírito que habita o rio!”

Perante as palavras do seu servo Grima ficara intrigado: “Uma rapariga? Hum…mas, isso é impossível! Tenho a certeza de que é um rapaz! Será possível…” – ao longe, algo brilhou na escuridão que chamou a sua atenção – “Uma rapariga dizes tu!” – voltou-se em direcção aos seus lacaios e com um sorriso maléfico ordenou-lhes: “Encontrem e tragam-ma até mim com vida!”

“Sim mestre!” – e saíram em passo apressado.

Claire deslumbrada com o encanto daquele lugar não se apercebia de que estavam a ser observados. Sentia-se segura, serena, parecia que enquanto ali estivessem nada de mal lhes aconteceria. Mad Merry, ao contrário, não se deixava enganar pelas belas cores mantinha-se observador, cauteloso a cada movimento, sabia que tinham entrado num lugar de muitos perigos.

“Claire é melhor retomarmos o caminho, este lugar assusta-me e a noite aproxima-se temos de procurar abrigo!” – Mad Merry tentava chamar a atenção de Claire.

“Merry, olha bem para este lugar é lindo…”

Mesmo antes de Claire poder terminar aquilo que ia dizer, ambos começaram a sentir-se observados, mas não conseguiam ver ninguém ali perto, até que um barulho distante se fez ouvir, pareciam passos apressados. Claire e Mad Merry aproximaram-se um do outro, o medo começava a apoderar-se de suas mentes. O som que era distante tornava-se cada vez mais audível, mais perto deles, conseguiam ouvir o bater acelerado dos seus corações dentro do peito, a garganta a secar. Estavam aterrorizados, não imaginavam que criatura poderia aparecer, se era amigável ou assassina, mas, para o espanto de ambos a criatura que surgiu não parecia ser perigosa. Das sombras surgiu uma criatura pequena muito semelhante a uma criança, tinha um ar engraçado, amigável, vestido de verde que ao avista-los deu um salto para trás.

“Ai! Mas quem são vocês?” – gritou a pequena criatura – “Ah! Humanos? Vocês são humanos? Como estão aqui? Como passaram o rio? Os humanos não são permitidos aqui!”

“Quem és tu?” – perguntou Claire à pequena criatura.

“Eu sou Greenth! Sou duende desta floresta mágica!” – de forma defensiva questionou-os – “Que fazem vocês humanos aqui?”

Claire de forma calma ajoelhou-se de modo a ficar ao nível dos olhos do duende Greenth: “Venho ao encontro de Land! Tenho algo que lhe pertence!” – mostrou o colar ao duende. Greenth ao ver o colar nas mãos de Claire ficou paralisado a olhar para ele. Claire não entendia a reacção daquela estranha criatura: “O que se passa? Podes ajudar-me?”

Greenth deslocou o seu olhar do colar para os olhos de Claire: “Por todas as criaturas mágicas de Nazul, tens alguma ideia de que possuis em tuas mãos?”

“É o colar de Land! Não sei porque razão, mas tenho de o devolver!”

“Não! Não é apenas um colar! É o coração de Nazul de Land que tens nas mãos! Sem ele, Land… – hesitante – morrerá!”

Perante as palavras de Greenth Claire olhava para o colar que tinha em suas mãos, não podia imaginar a importância daquele pequeno objecto, apertou-o entre as suas delicadas mãos e aproximou-o do peito, as lágrimas corriam-lhe pela face pálida. Mad Merry apoiou-a e olhou para o duende.

“Land morto? Tens a certeza?”

“Nenhuma criatura de Nazul pode viver longe do seu coração nazul! Se Land ainda estiver vivo, pouco tempo lhe resta!” – respondeu-lhe Greenth baixando a voz.

Mas Claire não aceitava o facto de Land estar morto: “Não, não passei por tudo que passei por nada! Land não pode estar morto, sinto que ainda vive!” – dirigiu-se a Greenth decidida – “Tens de ajudar-me a encontrá-lo! Por favor leva-me até ele!”

“Eu? Mas sou um simples duende, que nunca saiu da floresta!” – respondeu-lhe Greenth.

Mad Merry olhou profundamente nos olhos de Greenth: “Por favor! Precisamos mesmo encontrá-lo, só ele pode acabar com o mal que se aproxima! Ajuda-nos, sozinhos seremos alvos fáceis para aqueles que nos perseguem!”

“Oh…Está bem! Ai no que me estou a meter! Mas aceito ajudar-vos!”

“Vamos rápido, que esperemos?” – levantou-se Claire decida a seguir caminho.

“Calma! Eu ajudo-vos, mas não podemos seguir caminho, temos de esperar! Muitos perigos escondem-se na floresta, não é prudente seguir na noite cerrada! Venham comigo até minha casa, passaremos lá a noite!”

A floresta tornava-se cada vez mais assustadora com a escuridão. Greenth estava certo, não era seguro andar por aqueles trilhos em plena noite cerrada. Claire e Mad Merry seguiram-no sem objecção, mas a vontade de Claire era a de seguir caminho chegar perto de Land e encontrá-lo vivo. Seguiram Greenth num longo trilho que começava a ficar cada vez mais estreito, já a escuridão da noite tomara o seu lugar quando finalmente chegaram até uma pequena aldeia colorida. Claire e Mad Merry ficaram maravilhados, aquele lugar encontrava-se envolvido em magia e encanto, pequenas luzes brilhantes voam no céu e vinham ao seu encontro dançando em torno deles.

“Não tenham medo! São fadas, não os vão magoar!” – explicou-lhes Greenth – “Venham por aqui!”

Continuaram a seguir Greenth até à sua pequena casa e pelo caminho surgiam outros duendes e, ainda mais fadas curiosos com os estranhos visitantes.

A casa de Greenth era muito engraçada e pequena, até à porta seguia um caminho estreito de terra de cor castanha muito clara, dava a entender que era muito bem cuidada, em toda a volta belas flores cresciam. Claire e Mad Merry nunca imaginaram tanta beleza, aquela pequena casa de duende era magnífica, mas para conseguirem passar pela porta tiveram de baixar a cabeça, lá dentro tudo era pequeno mesmo à medida de Greenth.

“Entrem! Esta é a minha humilde casa! Ficamos aqui até amanhecer e seguir caminho!”

Claire não se conformava em ter de esperar pelo amanhecer, cada momento que passava podia ser demasiado tarde para Land.

“Mas porquê esperar? Land precisa de mim, não temos muito tempo!” – refilava inquieta.

Perante as palavras de Claire, Greenth olhou-a bem nos olhos com ar sério e numa voz calma e serena tentou explicar as razões que o levavam a não querer arriscar viajar em plena noite.

“Temos de ter muita paciência! A floresta torna-se perigosa com a escuridão! E…provavelmente, algumas criaturas te procuram! Criaturas que nunca poderão apanhar o que trazes!”

Claire e Mad Merry olharam um para o outro. Voltava-lhes à memória a terrível visão daquelas horríveis criaturas que os perseguiram e invadiram a sua aldeia. De certeza que era deles que Greenth se referia, então o colar de Land era a razão pela qual era perseguida. Mas naquele momento nada era mais importante do que salvá-lo.

Greenth ofereceu-lhes um jantar recheado, a pequena mesa redonda encontrava-se coberta de deliciosas comidas, parecia dia de festa, tinha de tudo.

“Venham! Precisam de se alimentar, amanhã espera-nos uma longa jornada!”

Claire não tinha muita fome, principalmente depois do que Greenth lhe dissera. Mantiveram-se em silêncio durante o jantar. Terminada a refeição, dirigiram-se a uma pequena divisão a que Greenth os conduziu, onde encontraram umas pequenas caminhas.

“Podem dormir aqui! Tentem descansar! Boa noite!”

Aquelas camas eram mesmo pequeninas, faziam lembrar caminhas de criança. Mad Merry, dormiu durante muito tempo no chão, para ele tudo lhe parecia luxuoso, chegou-se a uma delas deitou-se e num segundo adormeceu. Claire também se deitou, mas não conseguia dormir, sentia que estava a viver um pesadelo, queria que amanhece logo para poder procurar Land. Encostou a cabeça e fechou os olhos na tentativa de descansar um pouco, mas não lhe saia da memória a imagem de Land. Por fim, também dormiu.

Enquanto Claire e Mad Merry dormiam, davam-se conta de movimentos em Nazul fora do normal. Das planícies, a chita Kara corria velozmente para encontrar Claire como lhe ordenou Liône. Mas, também os lacaios de Grima a procuravam, vindos das montanhas vulcânicas cheios de fúria.

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