segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Coração de Nazul - Cap. Cinco

Capitulo Cinco

Land continuava desmaiado. Estava a ser carregado no dorso do unicórnio, já não se encontravam na densa floresta. O belo cavalo branco e o homem que estava com ele o levaram para um vale que reluzia muita luz, tudo transmitia muita calma e serenidade. À medida que iam passando muitos eram os homens e mulheres que vinham ver, seres muito diferentes, calmos, serenos, radiando imensa luz, de beleza incomparável. Seguiam em direcção a um enorme palacete de tons dourados e de prata. Guardas que se encontravam à porta vieram ao seu auxílio para transportar Land para dentro e colocaram-no numa cama toda coberta de seda branca. Deitarem Land confortavelmente na cama e saíram do quarto ficando apenas o homem que o trouxera. Passado algum tempo surgia uma bela mulher de aspecto sereno, os seus cabelos dourados como o sol ondulavam até à cintura, a sua pele branca e os olhos que pareciam safiras olhavam para Land.

“É mesmo ele?” – perguntou a bela mulher.

“Sim! É ele! Mas está muito fraco, precisamos de recuperar o seu colar o mais depressa possível! Consegues descobrir onde ele está?”

A bela mulher aproximou-se calmamente de Land e colocou a sua mão no peito dele. Por uns momentos fechou os olhos e foi capaz de rever Land a dar o seu colar a Claire, como um acto de amor. Abriu os olhos e olhou o homem que ali se mantinha à espera que esta lhe dissesse o que tinha visto.

“Ele deu-o a uma mulher, a quem entregou também o seu coração!”

“Uma mulher? Temos de a encontrar! Ela corre perigo! E temos de devolver o colar a Land, antes que seja tarde de mais!”

A mulher de repente ficou imóvel e estranha, sentiu alguma coisa.

“O que se passa? O que vês?”

“Sinto movimento nas águas do rio!”

Claire relutante por deixar os seus pais sós a mercê daquelas horrendas criaturas, fizera o que seu pai lhe pedira fugira em direcção ao rio. Entrara na densa floresta pelo trilho que ela e Land tantas vezes passaram. Não podia voltar a trás, tinha prometido a seu pai. Corria o mais depressa que conseguia, estava a ser seguida por aquelas criaturas, não podia deixar que a apanhassem. À medida que se aproximam dela os seus rugidos se tornavam cada vez mais altos, ela corria ainda mais rápido. Chegou por fim até ao rio, mas hesitou, ficou parada a olhar, foi então que algo inesperado aconteceu, foi agarrada por Mad Merry que a puxou para o centro do rio.

“Mad…Merry? Que fazes aqui?”

“O rio, não podemos perder tempo, é a única solução! Temos de lhe pedir protecção!”

“Protecção? A quem?”

Mesmo antes de terminar de falar Claire apercebeu-se de estranhos movimentos na água.

“A Ela! A Senhora do rio!”

Emergiu à frente deles a figura esbelta de uma bela mulher, toda ela formada pela água do rio. Claire ficou sem palavras, não conseguia acreditar no que os seus olhos viam.

“Estão a violar as leis de Nazul, terão de pagar com a própria vida! As leis são claras não é permitida a passagem a ninguém!”

Mad Merry ajoelhou-se frente aquela figura: “Senhora perdoa-nos, mas precisamos da tua protecção! Por favor concede-nos a honra do teu véu de água e protege-nos dos nossos inimigos!”

Claire tremia perante aquela imagem, mas tinha de atravessar. Assim ganhou coragem e enfrentou-a.

“Deixa-me passar! Trago algo comigo que devo devolver a quem pertence de direito!” – mostrou-lhe o colar – “Por favor, tenho de encontrar Land!”

Desta forma conseguiu a atenção da Senhora do rio que olhou bem no fundo dos olhos azuis de Claire.

“Vão!”

Os rugidos ensurdecedores chamaram a atenção da Senhora do rio. Voltou-se em direcção daquelas estranhas criaturas. Claire e Mad Merry apressaram-se a sair dali chegando até à outra margem. Viram a Senhora do rio a impedir a passagem das bestas que foram levadas pela água e aquela imagem da mulher desapareceu, devolvendo a calma do rio. Perante aquela imagem que via agora, Claire respirava de alívio, mas não por muito tempo. Mad Merry que se encontrava bem ao seu lado fê-la voltar a realidade.

“Vamos, não podemos ficar aqui! Eles vão voltar, o rio não os matou!”

“Como assim?” – perguntou Claire assustada.

“O rio não pode matar algo que já não tem vida! Vamos, temos de encontrar Land!”

Mad Merry que sempre lhe parecera louco, naquele momento parecia o mais lúcido de todos. Claire nunca imaginou que por detrás daquele aspecto louco e medroso se escondesse um homem capaz de enfrentar os seus maiores medos. Por mais estranho que lhe parecesse a simples presença de Mad Merry a fazia sentir-se mais calma.

Ambos ficaram por alguns momentos parados a contemplar as enormes árvores da Floresta que tinham de passar para conseguir chegar até ao seu destino. Por fim entraram na Floresta que todos temiam. Ficaram deslumbrados com a beleza do lugar, Claire andava em círculos contemplando a luz daquele lugar, tudo era tão calmo e sereno, os pássaros cantavam fazendo esquecer todo o terror por que passou.

“Este lugar é tão belo! Não parece ser assim tão perigoso!” – exclamou Claire.

“Por vezes os perigos escondem-se nas coisas mais belas da natureza!” – Mad Merry chamava atenção de Claire.

Entretanto Land continuava num sono profundo. Ao seu lado continuavam aquelas duas criaturas belas. Todo aquele silêncio foi interrompido pelo som de passos que se aproximavam deles. Eram os passos de um animal, era Liône o leão, que ouvira os rumores de Land ter voltado.

“É mesmo ele?” – perguntou o leão que se aproximava da cama de Land para o poder ver melhor.

“Sim meu caro Liône! É ele! Mas está muito fraco! Entregou o seu colar a uma mortal e agora temos de recuperá-lo o mais depressa possível!”

“Que esperas então? Vamos até aos humanos procurar por essa mortal!”

A mulher que permanecia em silêncio concentrada em sua visão os interrompeu: “ Não é preciso ir até à aldeia dos humanos! Na minha visão vi-a! Atravessou o rio e já se encontra em Nazul procurando por Land!”

“Tens a certeza de que é ela?”

“Trazia o colar de Land ao peito e pediu-me que a deixa-se passar porque queria encontra-lo para lhe devolver algo que era seu!” – respondeu a mulher e olhando profundamente para ambos acrescentou: “Outro vem com ela que pedia protecção! Ambos fugiam das criaturas de Grima!”

Ambos ficaram claramente assustados e surpreendidos com o que ela lhes confessava. Grima conseguiu enganar a guardiã do rio e fazer passar criaturas que ao seu serviço certamente procuravam por Land e o seu colar.

“Temos de encontrar essa rapariga antes de Grima, ela corre imenso perigo!”

Liône deu um passo em frente e voluntariou-se para preparar uma equipa de vários animais de modo a encontra-la: “Vou falar com todos os animais deste reino, procuraremos por toda a Nazul! Iremos encontrá-la!”

“Obrigado Liône!”

O grande Leão saiu do palacete em direcção aos vastos vales de Nazul. Chegado a uma enorme planície verde fez soar bem alto o seu rosnar como chamamento para todos os animais comparecerem à sua presença. Não precisou de esperar muito tempo para obter uma resposta, ao longe via-se chegar vários animais, dos céus as aves, da terra felinos e várias outras espécies. Todos se aproximaram para ouvir o que Liône tinha para lhes dizer.

“Meus irmãos de Nazul! Land voltou!” – ao prenunciar estas palavras levantou-se um enorme alvoroço e para se fazer ouvir elevou a sua voz – “Calem-se!” – todos prestavam atenção – “É verdade, Land voltou, mas está muito fraco e precisa da nossa ajuda! Para ajudá-lo temos de encontrar uma humana que já se encontra em Nazul!”

“Humana? Uma humana em Nazul? Não estão os humanos proibidos de entrar aqui?” – interrompeu-o um dos animais ali presentes.

“Sim! Os humanos não são bem vindos aqui, mas precisamos encontrar esta porque ela carrega nas mãos a vida de Land!”

O silêncio instalou-se, Liône observava-os atentamente. Depois de alguns minutos dirigiu-se a todos com a voz forte.

“Vão! Encontrem e tragam-na até mim, o mais rápido que conseguirem!”

Todos, sem excepções, obedeceram e começaram a dispersar. Mas, antes de todos seguirem, Liône chama a chita Kara até ele: “Kara! Corre o mais rápido que conseguires e sê o primeiro a encontrá-la!”

“Assim o farei!” – respondeu-lhe a chita e saiu logo a correr.

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