segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Profecia de Sangue - Transformação - Cap. Um

Mudança

Nunca poderiam ter adivinhado que seria naquela caverna escura e húmida que a sua vida de aventureiros arqueólogos terminaria. Se, pudessem adivinhar, certamente nunca teriam embarcado nesta louca descoberta.

Algures numa floresta ainda virgem, vasculhavam uma descoberta, nem eles sabiam bem do quê ao certo, que jamais alguém tivesse descoberto. Entraram nas profundezas de uma floresta sem nome, onde acabariam por ficar esquecidos para sempre.

Os seus olhos bem treinados de arqueólogos habituados à aventura, como se do próprio Indiana Jones se tratasse, avistaram uma caverna. Parecia abandonada, não se viam nem animais perto dela. Cautelosos, aproximaram-se, sem fazer ruído, afinal de contas podia ser a gruta de algum urso, ou mesmo outro animal feroz. Nada, nem um ruído, a caverna era um vazio. A sua curiosidade de aventureiros aumentava a cada respiração, o coração pulsava dentro do peito com feroz ansiedade. Tinham de ver.

Mike procurou nos bolsos das suas calças, típicas de montanha, uma lanterna pequena que carregava consigo por todo o lado, ligou-a e preparou-se para entrar. Era bastante alto e por isso teve que se baixar para não bater com a cabeça. Laura, a sua esposa, também arqueóloga, seguia o seu marido em todas as suas aventuras e aquela não era a excepção. Mais baixa que ele não teve necessidade de se baixar, a entrada da caverna era mesmo ao seu nível.

Lá dentro uma escuridão total e um odor muito estranho a morte. Sentiam que tinham entrado no covil do próprio demónio. A escuridão era imensa, que quase que a lanterna se tornava inútil. Mas nada os detinha, tinham de ir ver. Entraram nas entranhas da caverna e o cheiro tornava-se cada vez mais acentuado.

Os olhos, bem treinados, de Mike saltaram de imediato para algo que brilhava numa espécie de fenda. Dirigiu-se até lá como que hipnotizado.

- Onde vais Mike? Espera por mim? O que se passa, que estás a ver? – perguntava-lhe Laura enquanto procurava seguir-lhe o olhar.

Mike parecia hipnotizado por aquele pequeno brilho que insistia em chamá-lo. Aproximou-se, olhou mais de perto e colocou a mão na fenda retirando de lá uma espécie de tubo comprido. Acariciou-o e notou que deveria ser muito antigo devido ao seu aspecto, era feito de pele, não consegui perceber bem que tipo de pele, quase parecia de pele humana, só a ideia o fez estremecer. A tampa era peculiar e estranha ao mesmo tempo, era claramente de prata e na superfície uma cruz se formava, foi brilho que o tinha atraído. Segurou com força no estranho objecto que tinham encontrado e com o largo sorriso olhou para Laura.

- Conseguimos Laura, fizemos uma descoberta.

- Sim, eu sabia que não íamos sair daqui de mãos a abanar. Já viste bem este lugar, é claro que devia de haver aqui alguma coisa para descobrirmos. Mas o que será isto? A tampa é muito, estranha, não achas? Porque será que lhe puseram uma tampa de prata com uma cruz? E esta cobertura, mas que pele estranha? – Laura não conseguia esconder a sua curiosidade e entusiasmo.

- Não sei. Mas tens razão, este objecto é muito estranho. De certeza que esconde algum segredo. Olha, queres ver que encontramos o segredo do Santo Graal? – disse Mike em tom de brincadeira.

- Nunca se sabe. Mas que estás as espera, abre para vermos o que ê. – encorajou sem esconder a ansiedade.

Sem mais demoras, Mike tentou abrir o tubo, mas parecia não conseguir, estava demasiado apertado, de certo pela humidade. Para conseguir fazer mais força entregou a pequena lanterna que tinha na mão a Laura para que ela o pudesse iluminar enquanto tentava rodar a tampa. Quando mais uma vez tentava demover a tampa algo o fez parar.

- O que foi? – Perguntou Laura.

- Não sei. Parece que ouvi alguma coisa. Não ouviste nada?

- Não. Deve ter sido a tua imaginação. Ou então estás a ver se me consegues pôr ainda mais ansiosa do que estou. Para lá com isso, abre.

Abanou suavemente a cabeça, afastando possíveis fantasmas da sua imaginação e concentrou-se novamente no estava a fazer. Aquele pequeno tubo teimava em não querer revelar-lhe o seu segredo. Pensou para si mesmo que “talvez aquele segredo deveria permanecer assim e por isso não queria ser revelado”, mas a sua curiosidade de arqueólogo era mais teimosa e de tanta insistência acabou mesmo por abrir. Lá dentro uma folha de papel amarelada do tempo, era sem dúvida um documento antigo e genuíno. Com um cuidado meticuloso retirou o conteúdo, estava enrolado na forma do tubo onde tinha sido há muito guardado. Procuraram desenrolar devagar, o precioso documento que tinham nas mãos, de forma a não danificá-lo.

Por fim, puderam ver o misterioso segredo que ali se escondia. O documento tinha uma dimensão considerável, uma folha única, comprida, que ambos tiveram de segurá-lo para o puder ver melhor. O título escrito claramente à mão em letras garrafais, num intenso vermelho que lembrava a cor de sangue e que tudo tinha a ver com o que estava escrito.

“Profecia de Sangue”.

- O que é isto? – questionava-se Laura assombrada com o documento que estava mesmo a sua frente.

- Não sei, mas pelo que parece trata-se de uma profecia sobre o fim do mundo… - disse Mike quando foi interrompido por uma voz forte vinda das suas costas.

- Eu não diria isso…

Ambos se viraram num impulso. Não estavam sozinhos naquelas trevas. Olharam para a estranha criatura que há muito os observava. A lanterna caiu, a escuridão instalou-se, um grito de desespero e depois mais nada, apenas o silêncio.

(continua...)

1 comentário:

  1. esta história tem de ser acabada,á semelhança do coração de nazul, está muito interessante e entusiasmante...que vai acontecer?...

    ResponderEliminar