terça-feira, 3 de novembro de 2009

Prof.Sang.-Transf.-Cap.Um

(continuação)

- Estás a ouvir-me? – Sarah arrancou os auscultadores dos meus ouvidos para me chamar a atenção. – Estou aqui a falar para o boneco, a falar a falar e tu não dizes nada… Passa-se alguma coisa, estás doente? – E levou a mão à minha testa a examinar se tinha febre.

- Estou bem! – Afastei-lhe a mão e ela repreendeu-me com o olhar. – Apenas tive uma noite difícil – e, a sobrancelha levantou-se pelo que aprecei-me a acrescentar – Tive um pesadelo. Não tens razões para te preocupares, não foi nada, a sério…

Agarrei nos auscultadores na esperança que ela não me perguntasse nada sobre esse pesadelo, não estava com a mínima vontade de lembrar-me dele. Aliás, não estava com vontade de falar sobre nada, apenas queria ouvir a minha música e lembrar-me de Kelly – o rosto doce, meigo de Kelly.

- Podias-me ter chamado que eu preparava-te alguma coisa…

- Mãe! Tenho quase 18 anos, acho que consigo sobrevier a um pesadelo – sorri, tentando esconder o nervosismo, só queria que não me perguntasse sobre ele…

- Uh… Tiveste um pesadelo? Que tipo de pesadelo? Lembras-te dele?

A minha esperança caiu por terra, porque tinha de falar nele? Agora não posso fugir, vou ter de me lembrar…

- Não tens pesadelos desde que tu eras pequeno – o sorriso dos seus olhos apagaram-se.

- Eu tinha pesadelos? – Inquiri. Não estava certo se queria saber.

- Sim… Eu ficava desesperada, queria ajudar-te a dormir mas não conseguia – a voz sumia-se enquanto falava, quase não conseguia perceber as suas palavras. – Sempre que fechavas os olhos começavas a gritar e choravas… hesitou e continuou – Gritavas, Alex, quase imploravas aos prantos: “Não, por favor não! Deixa-me em paz, não quero ser como tu…”. Depois, começaram a parar, graças a Deus. Foi um tempo muito difícil, tu recusavas-te a dormir porque tinhas medo que ele viesse.

- Quem? Sabes de quem eu tinha medo? – Fiquei espantado com a história que ela me contava, não me lembrava dessa altura; o que será que me metia tanto medo – De quê que eu tinha medo?

- Não sei, Alex. Nunca conseguiste contar-me – manteve sempre o olhar sereno na estrada, nem uma única vez olhou para mim; mas a sua voz soou preocupada e magoada.

Consigo imagina-la, mãe solteira, a abraçar-me tentando acalmar-me todas as noites escuras.

- Se… Se pudesse, tinha tomado o teu lugar naquelas noites – e, acrescentou olhando-me nos olhos por alguns segundos.

(continua...)

1 comentário:

  1. Beem já tens isto mto avançado.. Kd tiver tmp vou ler com mto prazer. aiai esta nina é cheia de talentos. Continua assim Linda. Jokitas desta miga k nunca t eskece ;) . Chris.

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