sábado, 19 de setembro de 2009

Profecia de Sangue - Transformação - Prefácio

Prefácio

Nunca fui um crente – até agora.

Como qualquer outro adolescente, perto da idade adulta – ou, antes como gostamos de pensar -, tive os meus sonhos. Sonhei entrar numa Universidade, tirar a minha formação em medicina; tornar-me num grande médico. Todos os meus sonhos, começavam a acontecer – até, Kelly estava comigo. Mas, todos eles foram interrompidos brutalmente por uma questão de destino – ou pré-destinação.

Mitos, lendas, verdades absolutas. Quem as conhece? Muitos escondem-se debaixo de explicações racionais, outros na religião; poucos admitem acreditar, e muito menos, de ter visto. Os que defendem a sua existência são chamados de loucos e são internados. Eu pertencia ao grupo dos racionais; mal sabia o que me esperava.

Atormentado pelo destino que me foi reservado, duas escolhas que não podia adiar: morrer ou transformar-me naquilo que começava a odiar mais do que a própria morte. A minha escolha estava tomada: morrer; preferia a morte à imortalidade, mas parece que o destino não estava a meu favor.

E, sem conseguir resistir, sem conseguir fugir daquela atracção – doce e sedutora - que me puxava para o meu destino fatal; caminhei com ele, até ao seu covil e naquela noite escura, sem estrelas nem luar, fui incapaz de lhe negar o que ele mais ansiava – transformar-me. Rápido, penoso; uma dor inesquecível dilacerou a minha mente e o meu corpo; num movimento automático, rompeu a pele e a carne do meu pescoço; senti o meu sangue, ainda morno, a deslizar pela minha pele e os meus gritos a ecoarem nos ouvidos – naquele momento queria morrer; uma morte rápida e humana; apenas queria o fim de tanta dor.

Sempre me disseram que a vida é cruel; e a morte? Comparada com isto, deve ser, bem mais doce; mas isso parece que nunca poderei saber. Nunca desejei tanto que o manto da morte me levasse com ela para longe; longe disto – longe do sofrimento imortal.

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