(continuação)
O cansaço começava a vencer-me, deitei-me com a fotografia na mão. E acabei por adormecer, não sei ao certo quanto tempo dormi; o despertador não tocou – devo-me ter esquecido de o activar. Sarah acordou-me – como sempre tinha de o fazer -, tocou-me no rosto e estremeci.
- Acorda meu dorminhoco. Temos de ir… - espreguicei-me – Anda lá. Todos os dias é a mesma coisa, não penses que hoje vou ser tão paciente como nos outros dias – ia a sair do meu quarto quando elevou a voz. – Levanta-te, estou a falar a sério – disse da porta.
Sempre odiei levantar-me cedo, um sacrifício, principalmente depois de uma noite mal dormida como era o caso. Espreguicei-me mais uma vez – uma tentativa frustrada de afastar o sono que persistia -, e reparei que ainda tinha na mão a fotografia de Kelly; não a tinha largado durante toda a noite. Sorri para ela, já tinha saudades.
Apesar de ter dormido pouco, e de todo aquele enjoo e mal-estar, que me perturbou o sono, sentia-me bem; quase estranhei quando nenhuma névoa perturbou a visão e a minha cabeça, que não parava de rodar, mantinha-me firme. O chão parecia ter feito as pazes comigo, não deslizava nos meus pés tentando derrubar-me. O meu quarto – ou ex-quarto –, completamente iluminado pelo sol, não parecia perigoso, a armadilha foi desarmada pela luz quente e brilhante (mesmo assim, tratando-se de mim, todo o cuidado é pouco).
“É hoje que tudo muda. A mudança de vida. Uma nova aventura” – este pensamento provocou-me um estranho aperto no coração. O que estará à minha espera? Lembrei-me de outra razão que me desfazia o peito em pequenos pedaços: ficar longe de Kelly… Como iria sobreviver sem ela?
- Alex?! – Sarah chamou interrompendo a minha linha de pensamento. – Despacha-te – e, gritou da porta fazendo-me estremecer.
- Já vou!
Olhei em volta à procura da roupa que tinha deixado de parte.
- Onde será que deixei… Ah! Está aqui.
(continua...)
Sem comentários:
Enviar um comentário