sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O Coração de Nazul - Cap. I

Capítulo I

Estava um dia particularmente quente na aldeia de Riverhood. Podia-se ver as crianças correrem felizes pelas ruas, um grande alvoroço, era, assim, que Riverhood acordava todas as manhãs. Uma aldeia pacata de gente simples, agricultores que vivem calmamente naquelas verdes paisagens. Toda a aldeia se formava através de pequenas e modestas casas rodeadas de verdejantes paisagens, todos se conheciam havendo um enorme espírito de entreajuda. Mas este dia não era um dia normal, algo de muito estranho estava prestes a acontecer que mudaria a vida destes habitantes.
Land, era um jovem de uma beleza em que nenhuma rapariga ou mesmo mulher lhe era indiferente, de olhos cor de mar e cabelos da cor do sol, encantava todos por onde passasse. Na aldeia pouco ou quase nada se sabia do seu passado, nem ele próprio conhecia a sua história, a única coisa que se sabe, é o facto de ter aparecido na aldeia numa cesta carregando consigo apenas um estranho colar, com uma espécie de pedra azul brilhante não muito grande. Apesar da sua história ou falta dela, nunca desistiu de procurar os seus pais, o colar era a única pista que tinha, mas o facto de ser órfão no momento não lhe retirava toda a luz que reflectia no seu olhar, era extremamente divertido. Num dia como aquele, em que o sol apertava, adorava ir refrescar-se para o rio. Ao ver Claire, saiu de casa a correr, mal colocou os pés na rua começou a ouvir-se o murmurinho das jovens que ali se encontravam, nunca se sentia a vontade com aquela situação, nem a entendia, era assim desde de pequeno.
Claire estava na banca da fruta da velha Mary, quando Land se aproximou dela. Claire era sua melhor amiga e confidente, não se comportava como as outras o que lhe agradava imenso. Era uma bela rapariga, de olhos azuis como o céu e cabelos louros, compridos, ondulando sobre os seus ombros.
Quando Land se preparava para lhe falar ela o impediu:
“Que desejas Land? Estou-te a avisar, hoje estou bastante ocupada!” – disse com um sorriso no rosto.
“Nada! Apenas pensei que num dia destes tão quente gostarias de ir até ao rio comigo, para nos refrescarmos! Que me dizes?”
Perante tal proposta Claire respondeu-lhe em tom de brincadeira – “És impossível, será que nunca vais crescer?”
Land acariciando-lhe a face, olhando-a nos olhos com um enorme sorriso lhe disse:
“Para quê termos tantas coisas belas da natureza se só podemos aproveita-las, apenas quando somos crianças? Vamos Claire, o dia está tão bonito hoje, um dia perfeito para nadar no nosso rio, que se bem me lembro tu adoravas….”
“Pronto, convenceste-me, vamos então aproveitar este dia!” – interrompeu-o com um sorriso.
Assim, ambos se dirigiram até ao rio, onde muitas vezes foram nadar juntos. Land adorava aquele rio, não sabia porquê, sentia-o como parte dele. Na aldeia, todos temiam o rio, diziam que divida dois mundos, ninguém podia sequer pensar em atravessa-lo para a outra margem.
Contam a lenda que o rio surgiu de modo a separar dois povos. Do outro lado da margem reside o povo de Nazul, conhecidas como criaturas mágicas possuidores de grandes poderes e beleza. O Rei de Nazul para pôr fim à escravidão dos humanos fez emergir o rio que agora os separa, ficando ambos os povos proibidos de atravessá-lo.
Os dois chegaram finalmente ao seu destino, adoravam aquele lugar e não entendiam como todos os outros temiam um lugar tão belo como aquele.
Land deu um passo em frente e levantando os braços em direcção ao céu aclamou: “Este sítio é maravilhoso, era capaz de ficar eternamente aqui.”
“Então vais ficar apenas a contemplar a beleza do lugar?” – disse Claire dando-lhe um leve empurram e começou a correr em direcção ao rio.
Land com um largo sorriso seguiu. Estavam muito divertidos, tão divertidos que não se apercebiam de nada de estranho. Com tanta euforia algo de mágico os aproximou, um sentimento que não conseguiam entender. Olhando-se nos olhos, Land elevou a sua mão até à face de Claire, acariciando-a.
“Claire és tão bela!”
Quando seus lábios se aproximavam, fez-se ouvir uma voz no vento, que nunca tinham ouvido antes. Assustados, olharam para todos os cantos para tentar perceber de onde vinha essa estranha voz.
“Que foi isto Land? Passa-se alguma coisa, vamos embora daqui!”
“Não! Espera!” – disse Land olhando à sua volta.
Ficaram parados por alguns minutos, até que aquela voz se manifestou novamente. Chamava por um nome, que estranhamente Land reconheceu como seu: “Land” – aclamava a voz. Era por Land que ela chamava.
“É o meu nome! Alguém está a chamar por mim! Mas quem pode ser?”
Aquela voz repetidamente aclamava por Land, mas ele não entendia quem o chamava e porquê? Mas não tinha dúvidas de que a voz vinha da floresta proibida, a floresta da lenda, de Nazul.
“A voz vem da floresta!”
“Land vamos embora por favor!” Claire estava muito assustada, puxava Land para terra.
“Espera! Estão a chamar pelo meu nome! Quem poderá do outro lado saber quem eu sou? Pode ser alguém em apuros a precisar de ajuda!”
Land queria ver de quem era voz que chamava por ele, mas Claire com um enorme esticam impediu-o: “Land, vamos embora, conheces a lenda! Por favor, promete que não atravessas para a outra margem! Promete-me!”
Perante o desespero de Claire, Land recuou e voltaram para a aldeia. Mas aquela voz não lhe saia da cabeça, quem poderia estar a chamar por ele? Quem do outro lado da margem, onde nunca esteve poderia saber o seu nome? E que criatura poderia ser, já que ninguém era autorizado a entrar na Floresta proibida, será uma das criaturas que todos receiam, pelo qual não se atrevem nem sequer pensar na possibilidade de atravessar até à outra margem? Será a lenda de Nazul verdadeira? E sendo verdadeira, porque aclamavam o seu nome, porque razão os Nazuls chamariam por Land? Seria a forma de testar os seres humanos? Tantas eram as perguntas que assaltavam a mente de Land, e não conseguia encontrar respostas para elas, mas estranhamente, levando a mão ao seu colar, sentia que aquela voz chamava por ele, não para o testar, mas sim porque pretendia que ele fosse ao seu encontro. Por alguma razão que Land desconhece, sabia que um dia teria de atravessar para a outra margem.
O caminho de volta para a aldeia nunca pareceu tão longo como agora, Claire ficou muita assustada, queria chegar o mais depressa possível, queria ir para longe daquele lugar. Aquela paisagem que tanto gostava outra ora, deixara de lhe parecer tão calma e tranquila. Land, ao contrário de Claire ficara intrigado, queria voltar, tentar perceber o que acontecera ali.
Na aldeia o pai de Claire os esperava, agarrando o braço dela furioso questionou-os de onde vinham:
“Claire, mas onde é que vocês os dois se enfiaram durante toda a manhã? Estou farto de vos procurar, já te disse que não gosto que te afastes daqui!”
“ Pai, apenas fomos até ao rio para nos refrescarmos!”
“ Até ao rio…” – sobressaltou-se – “…quantas vezes já te disse para não ires até lá? Esse lugar é perigoso…vamos já para casa…”
Land colocando-se de frente dele parou-o: “ Sr.º Robert, por favor não se zangue com sua filha! A culpa foi minha, eu a convenci a ir!”
O pai de Claire nunca esteve tão furioso com eles, e olhando Land nos olhos tomara uma atitude que nunca esperaria dele: “Land, por favor, eu te peço…afasta-te da minha filha!” – os olhos dele transmitiam um enorme desespero, nunca agira assim antes, o que terá mudado? Desviando o olhar deslocou-se com Claire para sua casa, Land nem teve tempo para se despedir dela.
Claire não queria acreditar na atitude do pai, ao chegar a casa confrontou-o: “O que aconteceu meu Pai? Porque tratas-te Land daquela forma?”
“ Claire desobedeceste-me! Quantas vezes já te avisei para não ires para o rio, aquele lugar é perigoso! E o Land, sabe muito bem que eu não gosto que vás para lá, mas ele insiste!” – explicou-se elevando a voz. Mais calmo, aproximou-se de Claire e num tom de voz mais baixo: “ Ouve bem minha filha! Eu não quero que te aproximes desse rapaz, afasta-te dele!”
Claire não queria acreditar no que acabava de ouvir.
“ O quê? Mas porquê? Que mal ele te fez? Isso é um absurdo, não me pode pedir isso, eu não o vou fazer!”
“Não discutas comigo! Fazes o que eu mando! Afasta-te dele! E agora vai para o teu quarto imediatamente!” – ordenou o Pai.
“Sim, Meu Senhor…” – obedeceu-o contrariada.
Dª Rose, mãe de Claire, que ouvira a discussão veio ao encontro de seu marido e ambos se abrasaram.
Os dias de Land nunca foram normais, mas o de hoje foi, particularmente o mais estranho de todos. Caiu a noite, mas Land não conseguia dormir, não conseguia tirar do seu pensamento tudo que acontecera. No rio aquela estranha voz a chamar por seu nome, e a reacção do pai de Claire por saber que tinham ido até ao rio. Sentia no seu coração que algo de muito estranho estava a acontecer, não sabia o que era, mas tinha a certeza de que se aproximavam dias longos e escuros.

3 comentários:

  1. fixe..a historia está muito bem criada, espero anciosa pelo final..

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  2. Quem sabe um EDITOR nao veja aqui um talento a necessitar de ajuda para publicar!!

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